03/05/2025 - 00:53 - Política
O ministro da Previdência, Carlos Lupi, pediu demissão do cargo nesta sexta-feira (2), em meio à pressão da oposição e de setores da base aliada, após a revelação de um esquema bilionário de fraudes no INSS. O pedido ocorreu após uma reunião com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, no Palácio do Planalto.
Em nota, a Secretaria de Comunicação Social da Presidência confirmou a demissão e informou que Lula convidou para o cargo o ex-deputado federal Wolney Queiroz, que atualmente é secretário-executivo da Previdência. Ele é o número 2 da pasta e teve o nome defendido pela cúpula do PDT para suceder Lupi.
Na rede social X, Lupi ressaltou que não está envolvido no roubo dos aposentados.
Entrego, na tarde desta sexta-feira (02), a função de Ministro da Previdência Social ao Presidente Lula, a quem agradeço pela confiança e pela oportunidade. Tomo esta decisão com a certeza de que meu nome não foi citado em nenhum momento nas investigações em curso, que apuram possíveis irregularidades no INSS. Faço questão de destacar que todas as apurações foram apoiadas, desde o início, por todas as áreas da Previdência, por mim e pelos órgãos de controle do governo Lula, escreveu Lupi em postagem publicada na rede social X.
"Espero que as investigações sigam seu curso natural, identifiquem os responsáveis e punam, com rigor, aqueles que usaram suas funções para prejudicar o povo trabalhador. Continuarei acompanhando de perto e colaborando com o governo para que, ao final, todo e qualquer recurso que tenha sido desviado do caminho de nossos beneficiários seja devolvido integralmente", escreveu Lupi em continuação.
"Deixo meu agradecimento aos mais de 20 mil servidores do INSS e do Ministério da Previdência Social, profissionais que aprendi a admirar ainda mais nestes pouco mais de dois anos à frente da Pasta. Homens e mulheres que sustentam, com dedicação, o maior programa social das Américas. Carlos Lupi", concluiu o agora ex-ministro.
A Polícia Federal investiga a atuação de quadrilhas que obtinham benefícios irregulares por meio da falsificação de documentos, envolvendo servidores, intermediários e advogados. O prejuízo estimado ultrapassa R$ 2 bilhões, segundo as apurações. De 2019 a 2024, as entidades investigadas receberam R$ 6,3 bilhões.
Embora o presidente Lula tenha mantido Lupi no cargo, evitou defendê-lo publicamente. A falta de respaldo do presidente e, principalmente, a escolha de um novo presidente do INSS sem consultar o ministro — quebrando uma tradição de indicações feitas por Lupi — foram decisivas para sua saída. O episódio foi visto como um sinal de perda de confiança e teria sido a gota d'água para o pedido de demissão.
A permanência de Lupi no cargo vinha sendo considerada como "insustentável" pela oposição, após a revelação dos desvios de aposentadorias. Em audiência na Câmara, na última terça-feira (29), os parlamentares chegaram a cobrar que ele pedisse demissão, especialmente por ter demorado a tomar alguma providência em relação aos casos, que vinham ocorrendo desde 2019. Lupi ainda alegou dificuldade para averiguar caso a caso, afirmando que há mais de 6 milhões de aposentados com contribuições sindicais e 41 instituições.
Com a escolha de Wolney Queiroz, o Ministério da Previdência segue sob o comando do PDT. Nos últimos dias, deputados do partido cogitaram a saída da base governista em razão do desgaste imposto pelo próprio governo a Lupi nos bastidores.
O escândalo no INSS
No último dia 23, a Polícia Federal e a Controladoria-Geral da União (CGU) deflagraram a Operação Sem Desconto contra fraudes no órgão. Segundo a investigação, o esquema pode ter desviado R$ 6,3 bilhões em descontos associativos irregulares de beneficiários da Previdência Social, entre 2019 e 2024. O governo ainda precisa diferenciar os descontos irregulares dos regulares nesse período.
Diante do escândalo, Lula demitiu o presidente do INSS, Alessandro Stefanutto, que tinha sido indicado pelo ministro da Previdência Social, Carlos Lupi. O governo anunciou, na noite desta quarta-feira (30), a nomeação do procurador federal Gilberto Waller Júnior como novo presidente do INSS.
O governo tem prometido devolver o dinheiro descontado indevidamente de aposentados e pensionistas, mas não especificou quando e como isso será feito.
Gazeta do Povo
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