O resgate da diplomacia: Lula poderá pôr um fim a quatro anos de isolamento internacional?

07/11/2022 - 07:31 - Opinião

Compartilhe:
O resgate da diplomacia: Lula poderá pôr um fim a quatro anos de isolamento internacional?

Foto de divulgação

 

Não era apenas mais uma noite de domingo. Eram poucos minutos antes das 20h deste 30 de outubro de 2022 quando, com 98,91% das urnas apuradas, o Brasil conhecia seu novo presidente, Luiz Inácio Lula da Silva.

 

Eleito no segundo turno da campanha presidencial mais acirrada da nossa história, Lula (PT) obteve 50,90% dos votos válidos, contra 49,10% de Bolsonaro (PL), o atual presidente, que também entra para história como o primeiro presidente a perder a disputa pela reeleição.

 

Entretanto, a disputa acirrada foi só o início da série de desafios que o presidente eleito terá pela frente. Dentre eles, está o resgate da diplomacia brasileira após quatro anos de caos, marcados por uma justaposição de pautas que não cumprem requisitos mínimos de racionalidade e um profundo isolamento internacional causado pelos sucessivos ataques arbitrários a outros líderes e nações, incluindo alguns dos nossos principais parceiros comerciais.

 

E não foram poucos. De forma irresponsável, nesses quatro anos de mandato, o atual presidente ou membros do seu governo ofenderam publicamente ou causaram algum tipo de desgaste diplomático com inúmeros países, desde os nossos vizinhos sul-americanos Argentina, Chile, Venezuela e Colômbia, passando por países europeus como França e Portugal, pelos países islâmicos, e até mesmo o nosso maior parceiro comercial: a China.

 

Embora esses desatinos diplomáticos não tenham resultado em prejuízos comerciais e econômicos significativos, a imagem do país foi profundamente arranhada nesse período, tendo em vista a quantidade de hostilidades gratuitas e injustificáveis, as posições reacionárias, as políticas antiambientalistas e as atuações pífias e subservientes dos ministros das Relações Exteriores Ernesto Araújo e Carlos França. O Brasil se tornava um pária internacional.

 

Porém, com o resultado das eleições presidenciais, um novo horizonte se abre, e com ele a esperança do renascimento do protagonismo internacional que perdemos. Lula já foi saudado por diversos líderes mundiais, que celebram e acenam para uma nova era de cooperação com o seu governo que se inicia em 1º de janeiro de 2023.

 

Ainda é cedo para falar, porém, no alvorecer de uma nova Maré Rosa na América Latina, ressurge a esperança do fortalecimento do Mercosul, da reaproximação com os demais países Latino-Americanos, de novos acordos comerciais e, quem sabe, até do tão sonhado Acordo Mercosul/União Europeia.

 

 

Por Ricardo Medeiros